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Um olhar sobre a Argentina: Ezequiel Fernández (CA Tigre)



Que a Argentina é um viveiro de jogadores já todos sabíamos, mas é difícil de imaginar que um menino de 19 anos chegue a um clube recém-promovido, pegue na titularidade e consiga causar tamanho impacto. Assim está a ser o percurso inicial de Ezequiel “Equi” Fernández ao serviço do CA Tigre.


Vindo por empréstimo do CA Boca Juniors para a temporada 2022, o jovem médio nascido em 2002 não perdeu a oportunidade para mostrar todas as características que me saltaram à vista quando tive a oportunidade de ver a Selecção Argentina nos jogos de preparação para o Campeonato do Mundo de Sub17, em 2019, e também na própria fase final. Tem agora sido um dos melhores jogadores da equipa de San Fernando e promete ser uma das revelações da temporada.


Como joga?


Ezequiel Fernández pode actuar tanto na posição 6, como na posição 8. Na Selecção, era o médio mais recuado, onde acrescentava imensa qualidade na construção, mas tem agora evoluído para um médio interior abrangente, quase como um box to box, colocando as suas melhores características ao serviço da equipa nas várias fases do jogo.


Mapa de calor de Ezequiel Fernández nos jogos pelo CA Tigre

No meio-campo do CA Tigre, é ele quem é responsável por fazer a ligação entre a fase de construção e a fase de criação, mas também acrescenta equilíbrio defensivo, complementando muito bem com Sebastián Prediger naquilo que é exigido à posição 8 de um duplo pivot. Na verdade, nos vários jogos disputados, Equi Fernández é dos jogadores que soma mais intercepções e desarmes, provando assim a sua consistência defensiva.

Trata-se de um médio rotativo e enérgico em campo, com muita entrega, mas que consegue juntar a essa predisposição o esclarecimento e inteligência necessárias para ser bem sucedido nas suas acções. Precisa naturalmente de continuar a crescer, mas para a sua idade revela já uma maturidade competitiva bastante elevada e que não é assim tão comum em jovens jogadores da sua faixa etária.

Como já foi referido, a sua função com bola passa muito por “jogar e fazer jogar”. Gosta de receber baixo no terreno e iniciar a construção nessa primeira fase, mas tem evoluído em procurar a bola nas costas da primeira linha de pressão adversária, virando-se de imediato para o jogo e ligando com os jogadores mais ofensivos. O mais incrível é que o faz com tremenda naturalidade, como se já jogasse naquele nível há várias temporadas seguidas. Personalidade não lhe falta e acarreta bem o peso da responsabilidade.


Características

  • Físicas

Equi Fernández tem uma compleição média com 1,79m, sendo bem estruturado e revelando boa capacidade física, tanto ao nível da força, como da agilidade ou até mesmo da velocidade (em deslocamento e condução). Protege muito bem a bola com o seu corpo, sendo difícil tirar-lhe a bola, e é resistente ao choque quando tem de se impor defensivamente.

  • Técnicas

Tem o seu pé esquerdo como preferencial, no entanto, pela forma como também consegue usar o direito, podemos considerá-lo um ambidestro. O que salta à vista na qualidade técnica do jovem argentino é claramente a facilidade no seu primeiro toque e a forma como perfila o seu corpo antes da bola lhe chegar, recebendo orientado e promovendo grande fluidez no seu jogo. Resolve bem nos espaços curtos, sendo capaz de driblar e de retirar adversários da frente, arrancando de imediato com a bola ou descobrindo uma linha de passe que aproxime a sua equipa da área contrária. A sua capacidade de passe também é notável, uma vez que mostra qualidade nas três distâncias: é efectivo na construção curta, consegue ligar entre linhas ou por intermédio do último passe e varia o flanco com imensa qualidade, permitindo à equipa explorar o lado contrário do seu ataque. É usual vê-lo a tentar remates de meia distância e parece existir potencial para explorar este campo, ganhe ele um pouco mais de acerto. A sua capacidade de transporte também merece destaque, pois é capaz de ganhar metros em condução e fazer subir a equipa no terreno. No aspecto defensivo, é capaz de ir ao desarme sem recorrer muitas vezes à falta.

  • Tácticas/Mentais

Já foi referido que a maturidade competitiva de Equi Fernández é muito pouco usual para um jovem da sua idade. A forma como entende o jogo nos seus vários momentos, como entende quando deve acelerar ou quando deve travar, a noção que procura ter do espaço à sua volta, tudo isto são detalhes que revelam o nível em que já está. Relembro que se trata de um jovem de 2002, com muito por crescer e evoluir, mas já com um bom conhecimento geral do que fazer em campo. Na maior parte das suas acções revela uma tomada de decisão bastante acima da média, aliando visão de jogo e rapidez no raciocínio. Defensivamente, é o típico jogador argentino que se sacrifica pelo colectivo, que mostra resiliência e muita entrega em cada disputa, estando sempre ligado ao jogo. Ao nível do posicionamento defensivo também merece destaque, pois é inteligente nos espaços a ocupar para cortar linhas de passe ao adversário, reflectindo-se esta sua característica na quantidade de recuperações que consegue por jogo.

Que futuro?

Pela forma completa como cumpre a sua função, e tendo em conta a evolução que vem mostrando, tudo leva a crer que se poderá fixar como um box to box. De qualquer das maneiras, seja a 6 ou a 8, Equi Fernández reúne um conjunto de características que qualquer treinador gostaria de ter na sua equipa.


Para já, o contrato de empréstimo ao CA Tigre termina no final do ano de 2022, pelo que a bola em relação ao seu futuro está na posse do CA Boca Juniors. A ligação com equipa xeneize termina no final de 2023, e olhando à valorização que já está a ter só com este início de campeonato não duvido que em alguns blocos já conste o nome desta pérola argentina. A verdade é que, seja no Monumental Victoria, no La Bombonera, ou noutro estádio qualquer, a qualidade de Equi Fernández virá sempre ao de cima.


Redigido por Bruno Costa

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