Ryotaro Araki, o 10 de Ibaraki

Ibaraki é uma das prefeituras de Tóquio e também a terra do Kashima Antlers, uma das equipas da J1 League. Antiga casa de Zico e Mazinho, tem uma ligação fortíssima com jogadores brasileiros criativos. Na senda de craques como os mencionados, aparece Ryotaro Araki. Nascido em Kyushu, apareceu no futebol pelo clube da sua terra, o Roasso Kumamoto. Mais tarde, deu nas vistas pela Escola Secundária Higashi Fukuoka.

Durante os seus 2 anos de secundário, fez mais de 30 jogos, tendo marcado 10 golos em vários torneios. Jogou na Taça Príncipe Takamado, e no torneio mais importante das escolas secundárias no país, o All Japan High School Soccer Tournament. Tendo sido uma das figuras de proa nos vários torneios, foi chamado à seleção sub-16 para participar no AFC U16. Também aí brilhou, marcando dois golos no seu primeiro jogo, ganhando o prémio de homem do jogo e tendo ainda ganho o torneio.

Em outubro de 2019, a sua contratação é anunciada pelo Kashima para a época de 2020. A 23 de fevereiro faz a sua estreia na J. League e, até ao final da época, faz 29 jogos, marcando dois golos. Seria, no entanto, na época de 2020-2021 que iria explodir. Fez um total de 46 jogos e quase 3000 minutos, marcando 10 e fazendo 6 assistências.

Jogando como extremo esquerdo ou segundo avançado, Araki mostra uma qualidade técnica assinalável. Seja ao nível do drible ou de gestos básicos como receções, o japonês não falha. Esta época tem começado encostado à esquerda (devido à entrada de Yuma Suzuki), onde já provou ser um desequilibrador nato, ultrapassando facilmente os adversários em velocidade e em drible curto, jogando sempre de cabeça levantada. Jogando por dentro e atrás do avançado Ayase Ueda, como fez na época passada, mostra ser um criativo autêntico, assistindo muitas vezes o avançado com passes a rasgar a linha defensiva, seja ao primeiro toque ou com a sua capacidade para jogar de costas, sendo as suas 6 assistências a prova disso. Já os seus 10 golos na época passada são a mostra de que as suas movimentações sem bola são de elevada qualidade, tendo uma inteligência e maturidade fora do normal para descobrir onde aparecer para marcar. Também se destaca ao nível do cruzamento e da bola parada, assistindo muitas vezes os seus companheiros.

Falta-lhe uma capacidade física diferenciadora, sendo que ainda cede muito no contacto, algo que é facilmente ultrapassável.

Estamos, portanto, perante um jogador de alto futuro. Apesar de não ter lugar ainda na seleção principal, não tarda estará lá, assim como na Europa. Tem tido um impacto incrível para um jogador que não teve tempo para maturar na universidade, mostrando um à vontade com e sem bola ao alcance de poucos no Japão. É um dos líderes em campo do Kashima, um dos jogadores que carrega constantemente a equipa para a frente e, sem dúvida, é o craque da equipa e da Liga.

Por João Miguel