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O rendimento dos Guarda-Redes dos 3 grandes em abordagens no 1x1 e no controlo da profundidade



Para quem viu os clássicos ficou claramente a sensação que a prestação dos guarda-redes encarnados foi abaixo das espectativas. Analisando as estatísticas de cada um continuamos com o mesmo sentimento.

Em ambos os jogos o Porto teve apenas mais um remate enquadrado à baliza adversária que o Benfica. O Porto contabilizou um total de 13 remates à baliza adversária com 6 golos, cerca de 46% de aproveitamento. Já o Benfica, um total de 11 remates enquadrados, contabilizando apenas 1 golo, 9% de aproveitamento.

- Marchesin realizou 6 defesas, que representa 100% dos remates defendidos.

- Helton Leite 4 defesas, que representa 57% dos remates defendidos.

- Diogo Costa obteve 4 defesas, representado 80% dos remates defendidos.

- Vlakodimos realizou 3 defesas, significando 50% dos remates defendidos.


Estas estatísticas são factos e dizem que os guarda-redes portistas tiveram em ambos os jogos uma percentagem mais elevada de eficácia nas suas ações face aos guarda-redes encarnados.

Contudo uma análise estatística é sempre subjetiva quando se analisa ações de GR. Dessa forma, vamos analisar os lances qualitativamente realizando uma comparação entre ações dos guarda-redes.

Dois dos aspetos que mais fizeram a diferença no 1º clássico foram as saídas para defender a profundidade nas costas da linha defensiva e as situações de 1x1.


Tomada de decisão em Saídas da Baliza


Este tipo de situação fez maior diferença no 1º jogo. No 2º golo sofrido pelo Benfica, Helton tem uma boa saída a punhos inicialmente, mas na 2º tentativa sai para socar a bola e vai para uma zona distante do centro da baliza - deveria ter aguentado. Noutra situação acaba por sair para intercetar a bola fora da área, chegando atrasado ao lance - erro que foi compensado com um bom desarme de Weigl. Já Marchesín demonstrou sempre uma grande assertividade nas suas saídas, tanto na profundidade como a punhos ou a receber a bola em saída a cruzamentos.


As saídas da baliza requerem uma boa leitura de jogo, posicionamento adequado na zona da bola, velocidade e saída no timing certo. Para isso, a confiança do GR é fator fundamental algo que se adquire com maior ritmo de jogo. Os dois guarda-redes têm sido pouco utilizados esta época, mas, ao invés de Helton Leite, Marchesín demonstrou estar claramente preparado para ser uma 2º opção de qualidade elevada ao habitual titular.


Tipo de Abordagens no 1x1


O aspeto técnico do 1x1 foi crucial para o resultado final em ambos os jogos.

Observámos que nos dois jogos entre Porto e Benfica ambos os guarda-redes encarnados apresentaram um estilo semelhante na abordagem destes lances, colocando as suas pernas sempre bem distantes uma da outra e colocando-se mais perto da baliza do que do adversário, tal como podemos observar nas seguintes imagens:













Estas abordagens prejudicam mais do que beneficiam quem defende por várias razões:

  1. Deixa espaço entre as pernas para a bola passar (ex: 2 golos sofridos pelo Benfica no jogo do campeonato);

  2. Dificuldade em manter equilíbrio caso o avançado mude a trajetória da bola (GR irá ter maior dificuldade para se deslocar);

  3. Maior dificuldade para realizar uma queda lateral (onde GR possa realizar um desvio com os braços ou as suas mãos);

  4. Área coberta pelo GR será menor pela distância entre este e o homem que finaliza. Quanto mais o GR aproxima do jogador, maior será a área coberta e, consequentemente, menor a possibilidade de eficácia na finalização.

Por estas razões consideramos que em situações de 1x1 com vantagem do avançado (que tem a bola controlada), o GR deve optar por um posicionamento com os pés à largura dos ombros e com o movimento dos braços e mãos a ocuparem o espaço lateral em redor do corpo. Como podemos ver nas seguintes imagens:










Este tipo de posição permite ter o espaço entre pernas coberto e o GR conseguir manter o seu equilíbrio corporal para a frente. Permite também que o GR faça a queda lateral para desviar a bola. Por todas estas razões considero que é mais vantajoso adotar este tipo de comportamento em situações de vantagem do avançado.


Outro aspeto importante é o timing de aproximação do GR face ao finalizador. Enquanto o homem que finaliza não está preparado para o remate, o GR deverá encurtar espaço, de maneira a cobrir uma maior área e "agigantar-se" sobre o adversário.

Fomos comparar estas ações entre os GR titulares dos 3 grandes e concluímos que Ádan e Diogo Costa têm um grau de eficácia superior a Vlachodimos. Notabilizámos vários lances em que o grego sofre golos nestes momentos por não aproximar do adversário a tempo, por não cobrir uma área aceitável que aumentasse a eficácia de defesa, por más abordagens ao nível da colocação dos apoios ou por timings mal calculados de saída da baliza. Além disso, é padrão sofrer golos com a bola a passar-lhe por cima ou com o adversário a não precisar sequer de ser preciso na finalização. Ora vejam:


Redigido por Francisco Silva

Treinador Guarda Redes da Formação do Centro Desportivo de Fátima

Licenciado em Treino Desportivo pela Escola Superior Desporto de Rio Maior

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