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Mourinho – Ultrapassado ou Justificado pelas Lesões?



Ultimamente tenho prestado alguma atenção ao Tottenham de José Mourinho e à opinião dos adeptos comuns (se assim me permitem) de futebol. Usualmente leio expressões como “Mourinho está ultrapassado”. Acho curioso apreender isto e tentar perceber o motivo pelo qual se faz este tipo de juízos de valor. Sou até suspeito neste tema pois, José Mourinho é para muitos treinadores, como eu, uma das maiores referências a nível profissional.

Simultaneamente, para os mais atentos, é um motivo recorrente de discussão o boletim clínico impactante que o Tottenham do Special One tem sofrido com as ausências de Harry Kane ou Son. Assim propus-me a aprofundar se realmente Mourinho não estará a atingir as expetativas dos amantes de futebol ou se realmente estas lesões justificam os resultados menos positivos tanto a nível doméstico como na Champions League. Como tal escolhi o último duelo na CL, contra uma grande equipa que é o RB Leipzig, onde os Spurs saíram derrotados em ambas as partidas e, retirei algumas concepções (1ª mão em Londres) que podem emergir algum debate.

Inicialmente vamos compreender com que estrutura o Tottenham se apresentou:


No entanto, não basta entendermos o sistema de jogo se não percebermos como funcionalmente a equipa se regula. Sem bola, em Organização Defensiva (OD), o Tottenham apresenta um bloco médio-baixo em 1-4-4-2 com Dele Alli e Lucas como 1ª linha de pressão, evidentemente que temos de ter em conta o plano estratégico no presente jogo, ainda assim, olhemos para como Mourinho dispõe a equipa em OD.


Para mim (e para muitos) Mourinho apresenta nas suas equipas uma identidade defensiva muito vincada e disciplinada e é, sem dúvida, este o momento do jogo onde o mesmo obtém a melhor cotação. É uma lição defensiva que nos apresenta. Se remetermos ao passado, aos tempos de Chelsea (2013-2015) ou Manchester United (2016-2018), e ao estilo que muitos chamavam de Park the Bus (que lhe valeu 1x FA Community Shield Cup, 1x UEFA Europe League, 2x EFL Cup, e 1x Premier League), JM foi criticado por muitos. A verdade é que esta centralização do processo defensivo é um empecilho ao adversário e, inclusive, já permitiu conquistas para as equipas de José Mourinho.

Observemos esta OD guiada por referências zonais (mas com algumas orientações ao homem em certos instantes) e indicadores de pressão:


Apesar de elogiar o momento de Organização Defensiva da equipa londrina (que não é inteiramente perfeito), proponho a redirecionar o foco para aquilo que é o processo ofensivo, onde se identificam lacunas e, na minha ótica, alguns problemas na gestão com bola. Isto é, tanto em momento de transição como de organização, a equipa tem alguma dificuldade em fazer a leitura mais correta sobre o quando deve (ou não) assumir riscos.

Para além destes problemas a nível da tomada de decisão e da organização coletiva, identificam-se algumas dificuldades na execução propriamente dita.


Se formos ao detalhe compreendemos como alguns pormenores poderão fazer toda a diferença. No entanto, não ocultando o tema proposto, devemos perceber as ferramentas que JM tem para poder atingir um fim e aqui as ausências do grupo podem ter uma palavra dizer… Kane, Son e Sissoko.

Não podemos, de maneira nenhuma, cair no erro de interpretar isto como se estes nomes fossem a solução a todos os problemas. Isto porque não podemos desprezar um plantel abastado de qualidade em todos os setores: Dele Alli, Bergwijn, Lo Celso, Lucas Moura, Sánchez, Winks, Aurier… Apesar disto, podemos perceber que em determinadas tarefas, a competência de Harry Kane, na execução de um apoio frontal é diferente da competência de Lucas, ou que a capacidade de Son progredir com bola seja diferente de Gedson, etc.

Vejamos este vídeo onde os 3 nomes que referenciei participam diretamente no resultado (não porque decidi escolher o melhor exemplo, mas sim porque foi a última partida onde os 3 participaram).


Para finalizar, é certo que a chegada de Mourinho ao Tottenham não atingiu um estado sublime a nível competitivo, mas não será justo entender que o processo de adaptação ao contexto onde se inseriu tem a sua duração e que as perdas clínicas não favoreceram esse processo?

Com o regresso da competição pós-pandemia e, consecutivamente, regresso dos lesionados conseguirá a equipa elevar o seu nível de jogo?


REDIGIDO POR: Filipe Chinita

Artigo desenvolvido em parceria com o site: "O Primeiro Toque"

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