"Um jogo de Futebol sem golos é como um Domingo sem sol” - Alfredo Di Stéfano Afinal, o que é uma Transição Ofensiva? É possível haver uma transição rápida? E se existem rápidas, também haverão lentas? É muito comum ouvir narradores ou comentadores num jogo de Futebol (e não só) a referirem-se a certas equipas que estas jogam em “transições rápidas”.
A transição trata-se de um momento, mas a organização ofensiva que se segue pode dar lugar a um tipo de ataque mais rápido e vertical, ou então mais paciente e elaborado. Será correcto associar o momento de transição, classificando-o como rápido ou lento, tendo em conta o que o procede, isto é, se é um ataque posicional, ataque rápido ou um contra-ataque?
Quando observamos uma análise, é comum ouvir-se “Esta Equipa joga em transição”, mas transição, todas as equipas a fazem, independentemente do seu contexto competitivo, o importante perceber é a definição pelo primeiro passe, pois é o que vai determinar o tipo de ataque que se seguirá. Mas porque razão se torna tão importante distinguir a “Transição Rápida” do “Contra-Ataque”? Parece que todos entendem essa distinção, mas se ela não for feita, provavelmente será por falta de conhecimento do jogo, e quem não conhece o jogo vai ter dificuldade em treinar os momentos, pois não se pode treinar o que não se conhece.
Segundo Garganta (2010) a recuperação da bola é definida como o primeiro momento de posse de bola de uma equipa, coincidindo com o início da fase ofensiva de seu jogo. Uma Transição Ofensiva é considerada todas as ações técnico-táticas que uma equipa realiza desde que recuperou a posse da bola e procura tirar proveito da reorganização coletiva do adversário (que está naquele momento em transição defensiva), para alcançar uma situação ótima de progressão no terreno, até que a equipa se organize ofensivamente (Casal et al., 2015).
O objetivo das transições ofensivas varia de acordo com as necessidades e a vontade da equipa que as executa. Uma transição ofensiva direta e rápida, com busca imediata de objetivos, está associada a dois tipos de comportamentos ofensivos: contra-ataque e ataque rápido. Por outro lado, uma transição ofensiva organizada, sem a saída imediata em direção à baliza adversária, está associada a comportamentos de progressão em direção ao ataque ou como um meio de alcançar vários sub-princípios ofensivos (Fernández-Navarro et al., 2018).
Castelo (2003) atribui dois aspetos fundamentais à Transição Ofensiva. O primeiro diz respeito às atitudes e comportamentos dos jogadores no momento imediato após a recuperação da posse de bola, já o segundo aspeto depende da variação rápida do centro de jogo, a partir da zona onde ocorre a recuperação da posse de bola e em direção a zonas de finalização.
O Real Madrid CF é para mim uma das equipas mais fortes e letais naquilo que é a exploração do contra-ataque após a recuperação da bola, não pela complexidade de processos, mas pelo contrário, pela simplicidade e pela forma como os seus jogadores são fortes e vão de encontro, numa sintonia quase perfeita, aquilo que se pretende num contra-ataque.
A preponderância que o passe vertical e a velocidade dos seus jogadores assumem neste contexto são o primeiro passo para executarem a tarefa com sucesso. Estão bem visíveis princípios e sub-princípios ofensivos, na forma clara como a Equipa parte para o contra-ataque, sendo facilmente perceptível o bom uso do “Espaço”, seja em largura, como em profundidade.
REDIGIDO POR: André Azevedo
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