Nos últimos tempos, o futebol mundial tem nos brindado com diversos perfis de extremos. Características distintas, é certo, mas grande parte com uma particularidade curiosa - atuam no lado contrário do seu pé preferencial. Isto faz com se aventurem em zonas interiores do terreno, deixando o corredor para o lateral/ala, médio, ou até avançado. No futebol de alto nível, raramente nos deparamos com um extremo a jogar no lado do seu pé dominante.
No meio de todas estas questões, e de o mundo do futebol olhar cada vez mais para extremos desse tipo de perfil, emerge um enorme talento no futebol português, com um perfil totalmente oposto ao que acima mencionei - refiro-me a Diego Moreira.
O extremo de 17 anos, tem se destacado, maioritariamente, nos Juniores (22 jogos) e Sub-23 (15 jogos) do SL Benfica, tendo já realizado 1 jogo pela equipa B. No entanto, também se tem evidenciado na Youth League (8 jogos) com exibições de altíssimo nível. É esquerdino e atua a extremo esquerdo (lado do seu pé preferencial) - o que lhe permite jogar aberto na ala e progredir para zonas exteriores do terreno. Tem na sua velocidade, habilidade motora e 1x1 as suas características de maior valia, porém, também apresenta uma qualidade de passe e capacidade para combinar com os colegas acima da média. Possui ainda uma relação com a baliza assinalável, somando vários golos e assistências.
Falamos, sobretudo, de um extremo desconcertante, temível para qualquer defesa, sem medo de partir para o drible e encarar o adversário, em que circunstância for - algo que deve melhorar, porque não são raras as vezes que, pelo seu excesso de confiança, parte para o drible, estando numa situação desfavorável para o fazer (1x2, 1x3), acabando por perder a bola e provocar uma transição à equipa adversária, expondo a sua equipa. Por vezes, decide de forma errada e precipitada, algo normal para um jovem de tão tenra idade.
Todavia, é bastante abnegado no que às tarefas defensivas diz respeito, recuperando o seu posicionamento e várias vezes a bola. É incrível no momento de transição ofensiva, progredindo metros a fio com bola e tendo capacidade para definir com qualidade. Com estas características, é um extremo que grande parte dos treinadores “assinariam por baixo” e gostariam de ter na sua equipa.
Analisando o perfil de extremos que Roger Schmidt idealiza para as suas equipas - verticais, desconcertantes e fortes no 1x1- Diego Moreira poderá, futuramente, ser aposta do técnico alemão. Apesar de dar preferência, frequentemente, a extremos de “pé contrário” (Madueke no lado direito, e Gakpo no lado esquerdo, por exemplo), o jovem extremo tem todas as restantes características que o futuro treinador das águias mais admira.
Terá ainda de continuar a fazer o seu percurso de formação, tendo de encarar um contexto de Segunda Liga que o irá ajudar a potenciar as suas maiores capacidades, desenvolver lacunas que ainda são visíveis no seu jogo e, principalmente oferecer-lhe maior conhecimento de jogo. Depois disso, Diego Moreira terá tudo para ser um verdadeiro caso sério no futuro dos encarnados.
Redigido por Vasco Palha
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