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Como joga o Sporting CP de Mariana Cabral?

A análise à equipa leonina e a antevisão ao derby na Liga BPI


Antevisão ao derby


O Sporting entra para este jogo a 3 pontos do SL Benfica, que é líder desta fase. Com isto, este jogo ganha ainda maior importância para se decidir quem será o futuro campeão da Liga BPI. Se o SL Benfica vencer fica com 6 pontos de vantagem para o eterno rival, enquanto se o Sporting vencer os dois clubes ficam em igualdade pontual, existindo ainda um SL Benfica – Sporting CP a realizar-se na 12ª jornada, em casa das encarnadas.


O SL Benfica fez provavelmente a contratação mais sonante do futebol feminino português nestes últimos anos- Jéssica Silva. A internacional portuguesa de 27 anos chega ao SL Benfica, após ter deixado o Kansas City, clube da liga americana de futebol feminino. Teve ainda uma passagem pelo Lyon, onde conquistou a Liga dos Campeões, tornando-se a primeira jogadora portuguesa de sempre a conseguir tal feito. É claramente a jogadora portuguesa com mais “nome”.


O Sistema


A equipa de Mariana Cabral tem uma ideia de jogo muito interessante, que privilegia o jogo interior, com um futebol apoiado e bem elaborado. A equipa parte de uma estrutura de 1-4-2-2-2, no entanto esta estrutura, nos diferentes momentos do jogo, tem muitas alternâncias. Isto com o claro objetivo de privilegiar o jogo interior da equipa- visto que tem jogadoras com muita qualidade para esse tipo de jogo - e também de dar alguma mobilidade às jogadoras mais avançadas no terreno.


Organização Ofensiva


Nesta fase a equipa organiza-se em 1-3-4-3. A LD projeta-se para dar a largura no terreno e a LE junta-se às centrais, fazendo assim uma linha de 3 na defesa. As duas pivôs posicionam-se atrás da 1ª linha de pressão adversária (sendo elas muito importantes para ligar o jogo da equipa), enquanto a MOD coloca-se por dentro, um pouco mais descaída para o lado da pivô direita, e a MOE posiciona-se por dentro, um pouco mais descaída para o lado da pivô esquerda, formando um “quadrado” no meio-campo. Estas jogadoras (MOD e MOE) estão posicionadas entre a linha média e defensiva adversária. Uma das avançadas (normalmente a que joga ao lado de Diana Silva) descai para o lado esquerdo, formando a linha de 3 na frente- LD, PLD e PLE. A jogadora mais avançada no terreno é a Diana Silva, que é muito importante com os movimentos que dá à equipa, seja para pedir a bola em apoio, combinando com as suas colegas e gerando espaços nas suas costas, seja para fazer movimentos de rotura na linha defensiva, quando a equipa não encontra soluções através das médias.



Em alternativa uma das pivôs baixa, seja para o lado direito (entre central e lateral projetada), fazendo uma linha de 4 na construção, seja no lado esquerdo (no lugar da LE, que vem para zonas interiores para criar desequilíbrios), mantendo a linha de 3.



Há muitas combinações entre aquele “quadrado” no meio-campo da equipa leonina. Algumas trocas posicionais entre as pivôs, MOD e MOE. Muitas vezes uma das pivôs sobe ligeiramente no terreno para fazer um 1+3 no meio-campo, no lugar do 2+2 que também é frequente.


A LD associa-se muito no ataque, tendo combinações com as médias e pivô, criando assim muitas situações de cruzamento naquele lado - mais propício para esse tipo de situações, desde logo pelo facto de ocupar essa posição Ana Borges, que é uma jogadora com grande projeção ofensiva.



No entanto, quando a bola não passa pelo lado direito, a LE também se envolve na tarefa ofensiva da equipa, aparecendo em zonas interiores e criando por essa via muitos desequilíbrios, tanto criando movimentos de rotura e de arrastamento de marcações, como assumindo mesmo ela o jogo com bola. Joana Marchão é a jogadora que normalmente desempenha a posição de LE e é natural que Mariana Cabral queira que a lateral crie desequilíbrios em zonas interiores, já que é boa tecnicamente, a jogar em espaços curtos, possui um bom passe, boa capacidade de se associar com as colegas, e para além disso, também tem um bom remate (exímia nas bolas paradas e em remates de fora da área).



As MO’s são muito importantes no momento de criação, seja pela criatividade e capacidade de associação, seja pelos constantes movimentos que arrastam marcações e geram espaços para as suas colegas os ocuparem e criarem desequilíbrios ou pela capacidade de finalização que possuem. Esses espaços, geralmente, são aproveitados por uma das PL (seja a que joga descaída, seja a que joga mais no corredor central), mas também por uma das pivôs, que assim tem espaço para assumir a construção de jogo da equipa.



Outra jogadora muito importante é Diana Silva- uma avançada com boa capacidade de se relacionar com as colegas, de fazer roturas na linha defensiva adversária e que tem uma boa relação com a baliza. Com os seus movimentos gera espaços para as suas colegas aproveitarem, nomeadamente as jogadoras que se colocam no corredor central.



Uma das pivôs assume muitas vezes o jogo com bola, criando alguns desequilíbrios tanto no corredor central- seja pela progressão com bola, seja pelos passes feitos para o corredor central, queimando linhas- como também no corredor lateral, com combinações e variações de flanco para a LD e PLE.


No último terço a equipa coloca 3/4/5 jogadoras com condições para finalizar, variando consoante a situação.


Transição Defensiva


O Sporting, neste último jogo (frente ao SC Braga a contar para a 1ª mão das meias-finais da Taça da Liga feminina) sofreu, em algumas partes, nesta fase do jogo. Quando a equipa de Mariana Cabral perdia a bola, tentava pressionar com alguma intensidade, fazendo algumas zonas de pressão para a tentar recuperar. Porém, encontrando uma equipa que consiga superar essa 1ª fase de pressão (caso do SC Braga), o Sporting deixa algum espaço tanto entre a linha defensiva e a linha média, como nas costas da sua linha defensiva.


Transição Ofensiva


Por norma, quando recupera a bola, o Sporting não é uma equipa que não se deixa “partir” para o ataque sem critério. Isto é, gosta de pautar o jogo e voltar a organizar para construir desde trás e entrar em ataque posicional.


Porém, quando não encontra alternativas, devido à forte pressão do adversário ou quando existe espaço para explorar, a equipa procura uma das médias para lançar rápido nas PL’s. Uma das PL’s é Diana Silva, que como já referi, é uma avançada muito forte a sair da “sua zona”, a fazer diagonais e que consegue segurar muito bem a bola. É uma jogadora forte nesse momento do jogo.


Organização Defensiva


Neste momento a equipa passa a utilizar uma estrutura de 1-4-4-2. A LD baixa para fazer a linha de 4 defensiva; a PLE, que numa fase de organização ofensiva estava aberta no corredor esquerdo, fecha no corredor central com a outra PL, fazendo a linha de 2; e o “quadrado” no meio-campo desmonta-se, passando a MOD a jogar mais descaída para o lado direito, a MOE mais descaída para o lado esquerdo, sendo que as duas pivôs posicionam-se no centro do terreno, formando assim a linha de 4 no meio-campo.



O Sporting pressiona num bloco médio/alto, com o objetivo de recuperar a bola mais à frente no terreno. As duas PLs pressionam as duas centrais, enquanto a MOD e MOE ficam encarregues de pressionar LE e LD, respetivamente. Isto depende de que lado está a bola, ou seja: se a bola está no lado direito é a MOD que sai na pressão à LE, enquanto a MOE junta-se à linha média; se está no lado esquerdo é a MOE que pressiona a LD, enquanto a MOD junta-se à linha média. O mesmo se aplica no que toca à pressão das laterais: quando a bola está no lado esquerdo, é a LE que salta na pressão à ED, enquanto a LD junta-se à linha defensiva; quando a bola está no lado direito é a LD que pressiona a EE, juntando-se assim a LE à linha defensiva. Uma das pivôs salta para pressionar a 6 adversária, enquanto a outra pivô dá o equilíbrio à equipa.


A grande desvantagem desta forma de pressionar é o facto de, numa fase mais avançada da partida, devido ao desgaste acumulado, deixarem-se alguns espaços que podem ser importantes para a equipa adversária explorar, tanto entre-linhas (entre a linha média e a linha defensiva), como também entre central e lateral, visto que nessas fases do jogo, a lateral pressiona nos timings errados, devido ao cansaço acumulado ao longo do jogo. Este golo sofrido frente ao SC Braga é demonstrativo disso mesmo.


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