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Baú da Tática - Conceitos de Jogo do "verdadeiro" Barcelona- Posicionamento, Atração e Decisão

Atualizado: 7 de jun. de 2020


Fonte: UEFA


A equipa mais aperfeiçoada que vi jogar até hoje era o Barcelona de Guardiola. Ainda criança lembro-me de estar em casa a ver uma equipa repleta de jogadores históricos. Xavi, Iniesta, Messi, Busquets, Villa, Puyol... apenas alguns dos indivíduos, a maioria deles tão pequenos em tamanho, mas tão grandes futebolisticamente falando.

Na altura, eu não entendia o porquê das outras equipas não lhes chegarem aos calcanhares e tinha muita curiosidade em perceber como aquele Barcelona se mantinha numa máquina tão bem oleada.


Os conceitos inseridos na ideia e modelo de jogo são objetivos, claros e de inegável eficácia. Por exemplo, na matemática sabemos que se aplicarmos uma regra ou teorema o resultado será X. Os conceitos de jogo do Barcelona apresentam-se de forma semelhante, mas claro sem tanta linearidade. Cruyff refere que o futebol não é estático, ou melhor é adaptável e mutável. Por isso mesmo, de acordo com a ideia de jogo de determinada equipa e pelas ações/movimentos do adversário devemos tomar as decisões. O Barcelona fazia isso de forma brilhante. Se a equipa adversária pressiona com um médio em zonas mais avançadas, com certeza existirá um espaço em zona central a ser explorado. Por outro lado, se a equipa adversária pressiona com um extremo por dentro, o espaço estará na lateral.

Esta base de futebol lógico, intuitivo e inteligente é a base do futebol da equipa da Catalunha.


Baseado num estilo de jogo, que privilegia a posse de bola, o jogo posicional do Barcelona era a sua principal arma para atacar e defender, ou melhor atacar defendendo.

Todos os jogadores percebiam a ideia de jogo e os conceitos inseridos na mesma. A rotatividade de movimentos e as trocas posicionais assim o obrigavam. Por exemplo, Iniesta, apesar de ser médio, conseguia perceber os movimentos que tinha de desempenhar numa posição de avançado, aparecendo muitas vezes em zonas mais avançadas. Todos os jogadores sabiam os espaços que teriam de ocupar para ferir o adversário.



Fonte: Mundo Deportivo



O posicionamento que cada jogador tinha em campo nunca era ao acaso, tendo sempre uma lógica por detrás. No próximo vídeo irá ser demonstrado um caso em que um extremo (normalmente, o do lado contrário ao da bola) se encontra sempre colado à linha. Apesar de raramente tocar na bola e de estar "parado", esse extremo é importante para a equipa, não só porque permite ao médio do seu lado receber a bola livre (posicionamento à largura sujeito a marcação do lateral, como tal o médio interior desse lado apresenta mais espaço), como permite uma circulação de bola no espaço interior e, consequentemente, irá desequilibrar quando receber a bola no espaço e encarar no um para um com o lateral (atração da equipa adversária para espaço interior ou flanco oposto e exploração na zona lateral da profundidade dada pelo extremo).


Ora veja:

Fonte: Sky Sports


Também o posicionamento de um jogador junto ao defesa central do lado contrário ao da troca de bola era um clássico na ideia de jogo do Barcelona. Este posicionamento não só anula a possível cobertura, como permite o um contra um com o defesa central.

A vantagem numérica no flanco contrário, com um médio por dentro, o extremo aberto na ala e um "avançado" junto ao central era outro dos esquemas normais do Barcelona de Guardiola- veja na imagem:




A opinião de Cruyff acerca dos posicionamentos dos jogadores no ataque



Outro clássico do jogo do Barcelona, eram os movimentos de atração junto à linha defensiva dos adversários. Através de diagonais curtas a explorar a profundidade (nomeadamente, do homem posicionado próximo do defesa central contrário ao da troca de bola no limiar do fora de jogo), os defesas eram atraídos e abriam espaço para a entrada de outros jogadores (normalmente, um médio).

Ora vejam!

Fonte: Sky Sports


Naturalmente a qualidade na tomada de decisão e qualidade técnica, intrínseca à qualidade de cada jogador e ao conhecimento da conceção do jogo que estes tinham, era algo crucial para a prática daquele tipo de futebol. A forma como se posicionavam, decidiam com bola e se movimentavam intencionalmente faziam desta equipa praticamente imbatível.

Para uma troca de bola eficaz era, também, importante a dinâmica do terceiro homem e a formação de triângulos que Cruyff e Guardiola defendem e que permite as várias combinações entre os jogadores, para de seguida explorar a profundidade.


Fonte: Sky Sports


Guiado pela lógica e inteligência, o "verdadeiro" Barcelona, aquele que todos temos saudades, é o melhor futebol que vi até hoje!


Redigido por Diogo Coelho

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