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A dominar o futebol italiano durante tantos anos, a Juventus FC, tem agora uma nova companheira na conquista da Serie A. De tão inesperado sucesso, talvez a história da renovada SS Lazio se torne ainda mais bonita! Comandados por Simone Inzaghi há cinco anos, a equipa de Roma está, finalmente, a conseguir impor o futebol que o seu treinador sempre desejou.
Com um modelo de jogo que privilegia o ataque rápido ou momentos de transição ofensiva, a Lazio contempla individualidades de grande qualidade e completamente adaptadas a esta filosofia. Atualmente, jogam num sistema de 3-5-2 com dinâmicas muito interessantes ao nível defensivo e atacante.
Com três centrais, normalmente Radu, Acerbi e Luiz Felipe, a linha defensiva mostra-se bastante participativa na construção de jogo e sólida a nível defensivo. Radu, normalmente com um papel mais de progressão com bola, e os outros dois com uma qualidade individual diferente que os permite executar passes verticais para médios ou avançados. Todos eles são jogadores rápidos e eficientes no momento defensivo.
Nas alas jogam, normalmente, Lazzari e Lulic; são jogadores muito importantes para a equipa, sendo eles os responsáveis por oferecer amplitude em situações de ataque e de pressionarem de forma intensa os jogadores adversários no corredor lateral.
No meio campo surge um trio de grande qualidade e que se completa muito bem. No vértice mais recuado está o jogador mais posicional, que funciona como pêndulo de toda a equipa, Lucas Leiva. O médio interior direito é Milinkovic Savic; o sérvio destaca-se pela sua qualidade de passe e visão de jogo, que lhe permitem executar bem em espaço curto. Além disso, mostra uma excelente capacidade atlética, que favorece o seu jogo defensivo em duelos individuais e, por outro lado, permite-lhe ser solução em bolas longas para ganhar no jogo aéreo.
O médio interior esquerdo é Luis Alberto, um jogador com um grande primor ao nível técnico, mas também com uma perceção do jogo de qualidade. Outrora mais perto de Immobile, o espanhol tem ocupado funções de construção de jogo, descendo no terreno, quando a equipa tem bola, e de ligação com setor atacante em caso de recuperação para saída em transição ofensiva. Já a frente de ataque é composta por Immobile (o jogador em maior plano de evidência, contando com 27 golos) e o talentoso argentino Correa. Ambos têm uma dinâmica muito interessante na forma como conseguem intercalar o ataque à profundidade com movimentos de apoio.
Apesar de não serem uma equipa que priorize a posse de bola como forma de ferir o adversário (conta com uma média de 50% de posse de bola em jogos da Serie A), a Lazio chega à baliza adversária, principalmente através da verticalidade em zonas de construção e pela inteligência em espaços de criação. Neste aspeto do jogo, tem-se destacado Luis Alberto, que pela rapidez de pensamento e pela forma como recebe, enquadrando o jogo de frente, executa sempre antes dos outros. Prova disso são as 13 assistências que leva na Serie A.
No futebol não vale de muito ter posse, quando não se sabe o que fazer com bola. É um chavão clássico no futebol, mas não deixa de ser verdade. A formação Laziale mostra intencionalidade e inteligência sempre que tem a bola. Algumas dinâmicas da Lazio com bola:
Ambos os laterais subidos em momento de organização ofensiva e a dar amplitude nos corredores;
Construção a três com centrais abertos e disponíveis para progressão com bola ou para execução de passe vertical;
Médio defensivo é o jogador posicional na preparação de eventual momento de transição defensiva;
Médios interiores oferecem-se como terceiro homem em dinâmica entre central e lateral, recuam para criar superioridade numérica em zonas de construção (normalmente, Luis Alberto) ou posicionam-se entre linhas para criar superioridade numérica em zonas de criação;
Normalmente, um dos avançados posiciona-se entre linhas em apoio frontal para combinação com médios e o outro avançado posiciona-se entre centrais, permitindo o recuo da linha defensiva adversária e oferecendo espaço e tempo aos jogadores entre linhas para decidir e executar.
A Lazio é uma equipa que “vive” muito do erro do adversário. Dessa maneira, a pressão intensa em zonas subidas ou a partir do seu meio campo, dependendo do momento do jogo, é uma caraterística implícita no futebol da equipa romana. Além disso, a dinâmica e posicionamento atacante da equipa italiana permite-lhe preparar o momento de transição defensiva e assim recuperar a bola em terrenos avançados e transformar essa transição defensiva em oportunidade para transitar ofensivamente. Mostram-se bastante pressionantes e com linhas muitos próximas, não se coibindo de ter centrais em zonas bastante avançadas do terreno.
Ao nível da organização defensiva, mostram uma identidade que consiste numa atração, principalmente por parte da dupla de avançados (pressão de dentro para fora), da equipa adversária para os corredores laterais. Nesses momentos criam quase sempre superioridade numérica, recuperando a bola e partindo para transição. Além disso, é uma equipa que não se desmonta facilmente, mantendo sempre o triângulo do meio campo, com os três vértices bem definidos e uma linha defensiva de, pelo menos, 4 jogadores. Os homens da frente são responsáveis pelo condicionamento da fase de construção adversária e depois de ultrapassados “esperam” pelo momento para transitar. Todos estes aspetos fazem da Lazio a melhor defesa da liga italiana, juntamente com o FC Inter de Milão, com 23 golos sofridos.
Em transição ofensiva mostram uma qualidade soberba que os coloca entre os melhores da europa neste momento do jogo. Destaque para as sobreposições verticais que a equipa utiliza, a forma como preparam as ações antes de receber, enquadrando-se para o jogo com grande qualidade e a alternância entre ataque à profundidade e movimento de apoio. Para isto, muito se deve a forma como Luis Alberto, Milinkovic Savic, Correa e Immobile se relacionam dentro de campo. Com uma habilidade motora acima da média, perceção do jogo e recursos técnicos, os dois primeiros nomes referidos aceleram o jogo e esperam pela melhor solução para servirem os dois homens da frente, Correa e Immobile.
A morder os calcanhares à Juventus, a SS Lazio mostra recursos e qualidade suficientes para vencer esta Serie A.
Redigido por: Diogo Coelho
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