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Ricardo Horta, o mais subestimado da Liga Bwin



Aos 27 anos, Ricardo Horta assume cada vez maior destaque dentro da equipa do SC Braga. O extremo português é um dos melhores, mas mais subestimados, jogadores da Liga Bwin. Faz por merecer já há algum tempo uma nova chamada à seleção portuguesa e uma saída do clube bracarense para um contexto competitivo que lhe permita vencer títulos com maior regularidade.


Mas porque razão ainda não se deu esta evolução na carreira do jogador português?


Ricardo está longe de ser o típico extremo que vai para cima do adversário em drible, aliás tende a evitar essa ação. Por não ser forte em drible e por ter uma capacidade de definição acima da média na turma bracarense acaba por funcionar como uma espécie de segundo avançado com maior liberdade, jogando quase sempre centralizado em espaços entrelinhas e com chegada constante ao último terço.


O jogador português consegue antecipar as suas ações através de constantes fotografias que tira por cima do ombro e é dono de uma excelente capacidade de definição. Por ter uma eficiência no gesto de grande nível, consegue alimentar o último terço com tremenda frequência e qualidade. Tem capacidade de criação muito pela sua boa definição em terrenos adiantados, que lhe permite gerar oportunidades de perigo para os seus colegas de equipa.


Ricardo alimenta os colegas em zonas de finalização com primazia através do seu último passe. É que além de pensar e decidir rápido, executa quase sempre de forma distinta, seja qual for o gesto técnico a que se auxilie. O craque português é muito forte a tirar cruzamento e, geralmente é o homem das bolas paradas da sua equipa. Para já soma 6 assistências em todas as competições.


Além da capacidade de assistir, tem golo, e bastante! Apresenta facilidade de remate com qualquer dos pés e tem a frieza necessária para ser eficaz em frente à baliza. Dentro de área tem recursos técnicos de grande valia, ao ponto de somar já 12 tentos.


Sem bola é um jogador muito inteligente. Compreende o espaço livre como poucos, desloca-se em diagonais curtas pela linha defensiva adversária aproveitando a profundidade com primor e posiciona-se enquadrado para receber e acelerar o jogo.


Defensivamente é altamente comprometido, agressivo, intenso e entendedor de timings e índices de saída na pressão, no entanto pelo seu perfil físico é muitas vezes ineficaz nos duelos individuais.


Do ponto de vista físico e morfológico, apresenta excelente habilidade motora e agilidade. Tem boa capacidade de aceleração em espaço curto, apesar de não ser muito veloz. Não ser um jogador forte, mas consegue aguentar o choque.


Respondendo à questão. Ricardo Horta não está noutro patamar porque:


- O seu valor de mercado e preço que o SC Braga pede pelo seu passe é alto, mesmo que o seu rendimento considere esse valor como aceitável;


- Os três grandes têm dificuldade em apostar em jogadores da Liga Bwin que sejam considerados caros por estereótipo ou por pura dificuldade financeira. A exceção tem sido o Sporting, que por sinal, não se tem dado mal. Além disso, olha-se lá fora para a liga portuguesa como um viveiro de talentos jovens. Os clubes com maior capital investem em jovens com potencial, mas isso pouco acontece quando se trata de jogadores maduros. O Barcelona veio buscar o Trincão, mas não fosse o Sporting e, provavelmente, o Paulinho ainda jogasse no Braga.


- O estereótipo de extremo que vai para cima ainda está impregnado na cabeça de muitos, ora, Ricardo não é esse tipo de extremo. O facto de também não ser um criador de elite, mas, sim um definidor e finalizador, e de no SC Braga ter uma liberdade diferente daquela que seria concebida noutras realidades, traz prejuízo ao jogador formado no Benfica.


- A debilidade física que, por vezes, mostra torna o jogador visto como menos apto para dar o salto para contextos intensos e altamente competitivos.


- A incompetência de vários clubes espalhados pelo mundo quanto ao Scouting faz com que se percam muitos milhões em jogadores medíocres e que outros de grande qualidade ainda se encontrem escondidos noutras realidade. É que jogadores desta qualidade, mentalidade, inteligência e rendimento são altamente raros.


O craque português faz com que os seus gestos pareçam simples, mas não o são. Com ele o jogo ofensivo flui e a cada decisão que toma a sua equipa fica mais próxima do golo. Consegue impactar qualquer que seja o momento ofensivo, quer em transição quer em jogo posicional.


Para já mantém-se no SC Braga, provavelmente fará a melhor temporada da carreira e acredito que sairá no próximo verão. Para a Liga Bwin seria bom que por cá se mantivesse, quiçá chegará finalmente a um grande.



Dados estatísticos da temporada 21/22 e comparação com Pedro Gonçalves (Instat)


Alguns dos golos desta temporada e a prestação nos três últimos jogos antes do confronto com o FC Porto


Redigido por Diogo Coelho



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