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Os trilhos do Sucesso para o Treinador – Reflexão acerca dos possíveis caminhos que levam à vitória



No Desporto o sucesso é um conceito difícil de definir por fruto do mesmo se balizar por variáveis voláteis como o contexto, resultados e o “ponto de vista” de quem analisa. Contudo, seria um problema, para nós treinadores, influenciarmo-nos pela diversidade de opiniões e gostos, para aferir se o caminho pelo qual decidimos trilhar é ou não o certo, até porque, ironicamente, há várias formas de alcançar o sucesso ou, pelo menos, estar mais perto do mesmo. No fundo e sendo pragmático/realista, este conceito está intimamente relacionado com os resultados e seria imaturidade negar este facto, no entanto, creio sempre que há meios que nos colocam mais perto da vitória remetendo-nos para a filosofia do “jogar bem” (outro tema muito pertinente), mas, sendo o futebol um jogo, é fundamental contabilizar as variáveis que “fogem” do que pode ser controlável, colocando em causa o objetivo de vencer mesmo tendo como base um trabalho de qualidade (condições climatéricas; arbitragens; sorte; etc.).


Com isto, o foco deve residir no que é possível controlar para estar mais perto de vencer e, para tal, dispomos da derradeira ferramenta do nosso trabalho que é o EXERCÍCIO DE TREINO. É, através deste, que se moldam comportamentos; se constrói a Ideia de Jogo e se promove a evolução dos jogadores (sendo igualmente possível o oposto com um mau processo). Ao mergulhar nesta temática é possível constatar que existem várias tipologias de exercícios, pelo que acredito ser fundamental filtrar os mesmos, uma vez que o fator TEMPO é cada vez mais escasso e igualmente imprescindível para impor uma ideia de jogo de qualidade. É primordial o foco residir em exercícios ESPECÍFICOS, sendo entendido por especificidade todo o exercício que se assemelha ao jogo, tendo sempre a presença da bola. Na minha opinião é rudimentar avaliar a qualidade do exercício apenas pela presença do centro de jogo (bola), pois muitas vezes a mesma é inserida no exercício como um “adorno”. Assim, mais do que ESPECÍFICO o importante é a REPRESENTATIVIDADE que o mesmo alberga do jogo para os jogadores e de que forma facilita o transfer para a competição. Acredito igualmente em exercícios sem bola que fornecem grande contributo para a Ideia de Jogo, como, por exemplo, um 10 x 0 simulando zonas de pressão em função das dinâmicas dos adversários que, não sendo específico, consegue ser representativo do que pretendemos, neste caso, no momento de organização defensiva.


Partindo do plano das crenças, estou convicto da importância das ciências que suportam o desporto, sendo estas amplificadoras do impacto de um processo de treino de qualidade, podendo ser designadas de complementos. Tenho a perfeita noção que tocar neste tema é sensível, porque teríamos de falar de periodização do treino, que é complexo e suscetível de grande meditação pelo que neste texto não será aprofundado. Retomando a ideia dos complementos, acredito na importância de englobar no Modelo de Jogo a Psicologia; Nutrição; Medicina e Fisioterapia desportiva e o grande tabu dos últimos tempos o Strengh and Conditioning, mais conhecido como treino de força. Creio nestes como sendo multiplicadores numa equação cuja base é sempre o treino técnico-tático de qualidade, ou seja, se este não for de qualidade, por muito que se associe estas ciências, o rendimento não será maximizado, assim como, numa equação cujo qualquer multiplicação com 0 dará sempre o mesmo resultado independentemente do número em causa:


Processo de Treino x Ciências do Desporto = Sucesso

Em suma, tenho a convicção que um processo de treino de qualidade deve replicar o mais fiel possível o jogo, desconstruindo este, sem nunca desvirtuar a sua natureza caótica e dinâmica colocando em ênfase a temática da tomada de decisão (passível de futura discussão).


Termino esta reflexão com um excerto do Míster Renato Paiva:


“A forma como ganhas e como perdes tem também peso nas decisões que se tomam. Na elite sabemos que é resultado e ponto, mas o que pode amenizar um bocadinho o resultado é a forma como tu jogas e aí sim pode haver decisões em função de continuidades ou não… É o teu jogo, e o teu jogo sustenta ou não a forma como ganhas ou perdes.”
Redigido por Joel Rodrigues

Treinador de Futebol com mestrado na área das ciências do desporto - especialização em Futebol. Apaixonado pelo jogo e um eterno estudioso do processo de treino à procura de cimentar competência que permita estar à altura das exigências do alto rendimento e marcar a diferença.


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