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Com passagens pela formação do SC Braga, CD Chaves e Vidago, Pedro Gonçalves saiu para o Valência CF ainda em idade de júnior. Depois disso, seguiu-se uma passagem pelo Wolverhampton Wanderers FC, até voltar a Portugal esta época, para representar o FC Famalicão. Desde o início desta temporada tem-se evidenciado como peça imprescindível no sistema de João Pedro Sousa. Prova disso são os 24 jogos realizados e o facto de ser o jogador com mais minutos realizados para a Liga NOS da equipa minhota.
Sem dúvida que o enquadramento em que está inserido (clube, treinador e modelo de jogo) tem favorecido o seu crescimento. O estilo de jogo ofensivo e associativo, com base na construção de jogo em ataque continuado, na gestão da posse e nas ligações intersetoriais tem potencializado as suas caraterísticas e dado a conhecer ao grande público um jogador que sempre se destacou nos escalões de formação.
Pedro Gonçalves é um médio centro com características de jogo para equipas que pratiquem um futebol de posse. No contexto famalicense, é o médio mais ofensivo num sistema de 4-3-3, partindo de uma posição de médio centro ou médio interior. É o elemento de ligação entre ataque e zonas mais recuadas do terreno de jogo. Em ataque posicional, ocupa, maioritariamente espaço entre-linhas para iniciar momento de criação, podendo também recuar no terreno para ajudar no início da construção. Descai muitas vezes para perto dos extremos, criando estruturas que possibilitam uma troca de bola eficaz com progressão no terreno.
Realiza movimentos de desmarcação curta para aparecer entre as linhas defensivas e médias adversárias. É um jogador com excelente capacidade de associação com os companheiros, combinando com avançado e extremos, tanto em apoio como no espaço. Cria facilmente linhas de passe, que permitem aos colegas tomar decisões mais fáceis, parecendo por vezes “decidir” pelos próprios. Mostra grande dinâmica na forma como orienta o seu corpo. Mesmo recebendo de costas, consegue em pouco tempo estar enquadrado de frente para o jogo, decidir e executar com qualidade.
Raramente passa para trás! Graças à sua habilidade motora consegue escapar de zonas de pressão e encontrar o espaço necessário para a progressão das jogadas.
É um médio com um grande raio de ação no jogo do Famalicão e mostra, aos 21 anos, rendimento elevado e enorme potencial para crescer.
A sua principal característica é a inteligência e perceção do jogo acima da média, principalmente para jogadores da sua idade. Mostra grande perspicácia na forma como procura os espaços para receber e depois para “lançar” os colegas. Mesmo sob pressão, consegue decidir quase sempre bem. Tem uma tomada de decisão ao nível dos melhores da liga portuguesa.
Além disso, e apesar da sua estatura, é um jogador que mostra uma capacidade física considerável. Não falo de força ou capacidade para ganhar duelos individuais, mas sim de resistência, habilidade motora e de velocidade com que cria o seu próprio espaço e executa em curto espaço de tempo.
A forma como domina cada gesto técnico faz dele um jogador diferenciado, que joga e faz jogar os companheiros. A receção orientada para preparar a próxima ação está consolidada no seu jogo. Além do mais, mostra uma criatividade individual e qualidade técnica, aliada ao sentido posicional e à visão e leitura de jogo, que o torna num desequilibrador nato no momento de criação de jogo. Por exemplo, na Liga NOS é o jogador com mais passes bem sucedidos a quebrar a linha defensiva adversária e é o segundo jogador da sua equipa com mais passes para golo (atrás de Fábio Martins). No total da temporada, contabiliza 31 jogos, 6 golos e 8 assistências.
É um jogador que tem um bom drible, capaz de progredir com bola e superar adversários, o que lhe permite ser forte também em transição ofensiva. E ainda tem fácil chegada a zonas de finalização, arriscando por várias vezes no remate (2,5 remates por jogo).
A nível defensivo, mostra-se agressivo e intenso na primeira fase de pressão à equipa adversária e, principalmente, na fase pós-perda da posse. No entanto, está longe de ser perfeito neste momento do jogo, sendo o segundo jogador que mais vezes é ultrapassado em drible da equipa minhota (1,6 vezes por jogo). Utiliza muitas vezes a falta como arma para travar a progressão do adversário. Provavelmente, é o momento do jogo que sente mais dificuldades e que terá de melhorar. Este ponto menos forte do seu jogo está também associado ao modelo de jogo da equipa, que privilegia um futebol, por vezes demasiadamente ofensivo, com repercussões no momento defensivo. Prova disso é ser a segunda equipa com mais golos sofridos da Liga NOS.
Um autêntico número “10” na essência da palavra. O “maestro” da equipa famalicense está preparado para dar o salto! Um jogador com enorme talento a ser explorado!
Redigido por: Diogo Coelho
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