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O LosanGOLO da Formação

A visão do Futebol de Formação tem e terá de ser sempre estruturada para lá do jogo de Futebol.

A esquematização das hierarquias e a forma de condução do diálogo e das decisões deve ser clara e objetiva, sem que possam existir dúvidas. É importante para o clube ter os seus recursos identificados com as suas tarefas definidas, para que não haja atropelamentos nem dúvidas no momento de quem deve e pode decidir.


Primeiramente, a transmissão de comunicações para o exterior deve-se subdividir em dois momentos, as comunicações internas e as externas. A importância de ter esta rede de comunicação educada e bem estipulada irá evitar muitos problemas/erros durante a época desportiva. Por exemplo, o Team Manager é o elo de ligação Clube - Encarregados de educação e vice-versa (comunicação interna). Sabemos a dificuldade em encontrar Team Manager / Pais com o saber estar e o saber ser indicado, mas, por vezes, temos também de os formar em prol do pretendido, tarefa que nem sempre se torna fácil, ainda para mais sendo uma função de forma gratuita. Agora, como costumo realçar e reforçar, quando aceitam este desafio passam a ser profissionais !


Relativamente à comunicação externa, que o clube pretende que seja divulgada com a comunidade, deve ser feita pelo Departamento de Marketing. Num momento em que as redes sociais e a vida social, dentro dos meios digitais, é tão ativa, teremos de dar resposta a este “novo mundo” e estar constantemente a divulgar e a incutir o crescimento ou as dinâmicas do clube. Uma parte importante é a divulgação destas informações pelo Team Manager, sendo que nunca devem ser feitas primeiro de forma externa e depois interna, mas sim sempre internamente e depois para a restante comunidade. Isto para privilegiar os ativos diretos do clube, mas principalmente para quando a informação chega ao exterior os elementos internos poderem esclarecer dúvidas das mesmas e demonstrarem todo o conhecimento das atividades/ações do “seu” clube. De forma geral, esta é a esquematização do “primeiro elemento ativo” na hierarquia diária do clube.


De seguida, temos os elementos técnicos - treinadores principais, adjuntos, analistas e treinadores de guarda redes – são a cara do projeto no momento da ação, juntamente com os atletas. Os elementos técnicos devem ter uma postura dedicada e séria, devem ser um exemplo de saber ser e estar para todos os seus atletas e serem respeitados como tal, por toda a estrutura do clube – desde a direção aos encarregados de educação, para que os elementos mais importantes do processo – atletas – os identifiquem como líderes!


Existe ainda alguma dúvida e inúmeras opiniões na decisão da relação e comunicação entre treinadores e pais. Depois de alguns anos neste meio, de pensar e repensar e de ouvir diversas opiniões, acho que o processo ideal passa pelo treinador não poder nem dever ser escondido dos pais – nem em momentos de festejo e, muito menos, em alturas de problema/questões. O importante é o TREINADOR saber ir de encontro aos comportamentos corretos e estipulados pelo clube. A discussão de ideias e opções não devem ser tema de conversa entre os mesmos. São poucos os que conseguem separar ser pai de um atleta, que é treinado pelo treinador X e que, por acaso, é amigo desse pai. O filho em determinada fase é opção válida para a equipa/treinador, mas “amanhã” já não estará tão bem e deixará de o ser. Se o treinador conversou e trocou ideias com o pai, este acaba por entender com maior facilidade a forma de pensar do técnico, que tem colocado o seu filho fora da equipa titular ou até mesmo da convocatória. É fulcral ser-se coerente e entender-se que o hoje não é igual ao amanhã!


Existem momentos em que os profissionais terão de se defender a si mesmos em prol do crescimento de um grupo / clube. Os treinadores devem ser apresentados na primeira reunião de início de época aos pais, devem ser mesmo eles a apresentarem-se nesse momento, para os pais verificarem e conhecerem o homem/mulher que irá trabalhar e moldar o comportamento técnico/táticos. Contudo, após este primeiro momento, o treinador deve apenas intervir com os pais no momento de chegada/saída do treino/jogo com a saudação e algumas breves palavras em momentos diversos, tendo sempre como regra própria, nunca falar das questões desportivas da equipa.


Imaginem que existe um momento de pedido de reunião do encarregado de educação com coordenador, por desacordo com algum comportamento ou opção técnica e/ou do clube. O encarregado de educação terá essa liberdade, contudo e também por indicação e forma de trabalhar do clube, deverá ser preenchida uma folha a solicitar a reunião pretendida, indicando os temas que motivam esta reunião, para ser analisada pelo coordenador e perceber se há ou não necessidade de convocar o treinador para a reunião. Isto porque, por vezes e em vários momentos, sentimos que o treinador age sem pensar por ter a noção que em momentos de problemas existe o coordenador que sai em sua defesa e dá o corpo as balas. Sendo o treinador informado desta possibilidade, o mesmo terá de ter as suas ações sempre ponderadas e repensadas, em prol do crescimento do atleta e do clube, deixando aqui uma garantia maior e melhor para o sucessos desportivo e humano.


O Atleta, é o sumo de toda esta mecanização e estruturação apoiada nos elementos do clube e nos pais. Deve ser educado a ouvir e questionar, sempre em prol de um objetivo coletivo e ter a abertura necessária para ajudar e ser ajudado. Deve ser orientado, mas principalmente cuidar de si em todas as vertentes, beneficiando a vertente física, mas fortalecendo a vertente humana. Apenas com uma postura dedicada e trabalhadora o atleta poderá crescer desportivamente, sendo que a MAIOR prioridade é desenvolver o caráter humano, transformando o atleta como alguém mais resiliente, humilde e com uma enorme capacidade de trabalho em equipa. É fundamental trabalhar os atletas, em todas as vertentes já mencionadas, com o objetivo inerente da procura da vitória a cada momento/jogo, mas sempre tendo como primazia e maior desafio a preparação do atleta/humano na reação à adversidade/derrota, criando aqui um trampolim para que possa ultrapassar estas situações com o menor dano possível, desportivamente, mas, principalmente, na sua vida presente e futura.


Relativamente aos encarregados de educação, são mais um dos elementos fundamentais em todo este processo. Querem o melhor para os seus filhos, por vezes falham com a postura por não conseguirem separar o objetivo global com o individual, mas serão sempre o maior peso nas decisões e escolhas de um atleta no seu futuro. Devem ser conhecedores do projeto/objetivo do clube em que integram o seu educando, de forma a estarem a par das ideias do clube para o crescimento do atleta. Sabemos que os erros e falhas podem existir, mas sou da opinião como pai, mas principalmente como coordenador, que os pais devem sempre procurar a pessoa responsável e transmitirem a sua opinião/visão. Após essa conversa pode ser desbloqueada alguma situação mal entendida/percebida pelo encarregado de educação e até pelo atleta, ficando o assunto resolvido , permitindo assim prosseguir o processo formativo em vigor. Por vezes, poderá existir erro no lado do formador, e uma postura de crítica construtiva por parte do encarregado de educação pode ser importante para colocar as pessoas ligadas ao clube a pensar, refletir e, eventualmente, a repensar nas opções de abordagem, gestão e desenvolvimento individual e coletivo.


De forma resumida, este processo formativo/desportivo será possível, e com resultado positivo, apenas com a participação ativa de todos estes elementos e com um pensar coletivo. Quero dizer com isto que: se cada um destes quatro pilares souber ocupar o seu lugar e desempenhar a sua função em prol de um objetivo global, sem que nunca coloque o objetivo individual em primeira instância, será parte do caminho percorrido para o sucesso do mesmo. Reforço, sucesso esse que deverá em último caso ter uma importância semelhante na balança da vida desportiva e humana. Acredito que, apenas com esta integração entre os dois, sob a batuta atenta destes quatro pilares, será possível falar em sucesso formativo.


Sabendo da dificuldade em ser tudo desta forma, devemos ajustar ponto a ponto e momento a momento. Quando trabalhamos sob orientação desta visão, a avaliação final para o desenvolvimento dos atletas e do clube estará sempre muito mais próxima do sucesso.



João Cruz

Coordenador Técnico Sporting Clube São João de Ver




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