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Mathieu e a Importância dos Modelos no Futebol

Fonte: Sporting CP


Num futebol em que o amor e o espetáculo vão sendo, gradualmente, substituídos pelo lucro e pela ganância, cada vez menos podemos dizer que temos ídolos. Já lá vai o tempo do «Um dia quero ser como o Manuel Fernandes» ou do «Eu adoro o Liedson e não é só por marcar muitos golos», pois, atualmente, não é fácil apegarmo-nos a jogadores que vistam o leão rampante, visto que muitos deles não olham para o nosso Clube como um fim, mas, sim, como um meio. Uma exceção a esta fatídica regra parece-me ser a de Jérémy Mathieu.

Mathieu despediu-se, há poucos dias, dos relvados, deixando uma enorme saudade nos adeptos sportinguistas. Em mais de cem jogos, o francês conseguiu mostrar o que é um central de topo, intercalando entre sprints inesperados, cortes in extremis e remates dignos de matador, enquanto pôde espalhar classe e partilhar conhecimento com os mais jovens, mesmo tendo passado pelo momento mais negro – e humilhante – da nossa história: o ataque a Alcochete.


Se o francês se destaca pela sua qualidade acima da média, fora das quatro linhas, Mathieu consegue ser – ainda mais – uma referência leonina. Um jogador de trinta e seis anos é, presumivelmente, uma pessoa experiente, tanto na bola, como na vida, porém, não é obrigada a partilhar essa experiência. Não obstante, Mathieu é aquele senhor que não se importa de ajudar os outros a chegar mais longe e a não desistir, sendo, por isso, parte, não só do passado e do presente, como, também, do futuro do Sporting – cujos frutos futuramente colheremos.


Após o anúncio da triste lesão de que sofreu, e do consequente afastamento dos relvados, literalmente dezenas de jogadores e outros intervenientes do meio desportivo, juntamente com milhares e milhares de fãs, apressaram-se a demonstrar o seu apoio e gratidão para com o defesa. E isto, claramente, não é por mero acaso.


Jérémy Mathieu apresenta-se como uma exceção ao cada vez mais desapaixonado mundo de futebol. Chegou ao Sporting depois de uma carreira em que jogou no topo internacional, e conseguiu, em três anos, ganhar o seu lugar na história do Clube. E não, não apenas por ser um enorme jogador – ganhou tal lugar por ser, indubitavelmente, um enorme homem.


Se cada vez mais faltam Peyroteos, Sá Pintos e Slimanis, jogadores que nos fazem sentir representados por alguém com um amor ao Clube semelhante ao nosso, é em senhores como Mathieu que nos devemos focar, pois são estes que nos fazem não perder a fé de que o futebol, mesmo que não tanto como outrora, ainda é o desporto que reúne amigos em casa ou no café, e que nos mete de olhos colados ao ecrã, apaixonados por toques e fintas de quem olha para uma bola, não como uma fonte de rendimento, mas como uma fonte de paixão e alegria.


O futebol necessita de regressar à sua essência, à rua e àqueles que para si olham como uma positiva distração em relação à realidade, e é de jogadores leais e exemplares como Jérémy Mathieu que o futebol – e, em especial, o Sporting – necessita, de forma a haver uma reaproximação entre a bola e o adepto, pois eu não quero viver num mundo em que o meu irmão, de seis anos, cresça sem referências leoninas. Eu tive-as, e fui a criança mais feliz do mundo.

Obrigado, Mathieu. Até no fim, como um leão ferido, saíste com honra. A mais como tu!


REDIGIDO POR: Simão Ribeiro Póvoa

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