Estes dois jogadores têm merecido algum destaque no comentário desportivo, nos últimos tempos. Desde logo pelo facto das performances, principalmente a central esquerdo, de Matheus Reis terem sido muito boas, contrariamente às de Feddal.
Matheus Reis possui uma boa qualidade e timing de passe, e para além disso, também tem uma boa leitura dos lances e uma boa velocidade, que para um central é muito importante, visto que lhe permite dar uma boa resposta tanto no controlo da profundidade, como em perdas de bola pela rápida reação à perda. Em jogos frente a equipas com blocos mais baixos, o brasileiro é muito importante para os desbloquear, pelo papel fundamental que possui na construção da equipa. Como já explicou Rúben Amorim, a equipa adversária tapa muitos espaços na linha média e ofensiva, ficando livres precisamente os centrais, que atualmente devem ter um papel cada vez mais preponderante na construção, e não podem ser deixados de parte nesse momento do jogo. Matheus consegue através das suas progressões com bola, tanto criar desequilíbrios ofensivos, como atrair marcação para gerar espaços no sentido de os colegas aproveitarem.
Todavia, Matheus Reis não faz tudo bem, e, como todos os jogadores, denota lacunas: não é um jogador dotado para o jogo aéreo, o que em jogos frente a equipas que apostem num jogo mais direto, pode ser um problema; possui algumas dificuldades em determinados posicionamentos na linha defensiva, o que é natural visto que é um lateral de origem e não um central; tem algumas tomadas de decisão erradas, mas tem tido uma evolução bastante positiva nos últimos tempos; conta com algumas abordagens menos corretas, no que diz respeito, por exemplo, aos desarmes e ao controlo da profundidade. O brasileiro já é um bom central, mas melhorando estes pontos, pode-se tornar um central de eleição.
Falando de Feddal, comparativamente a Matheus, é talhado para um jogo mais físico, possuindo uma boa qualidade no jogo aéreo e colocação do corpo, para ganhar vantagem aos adversários. Porém, nem nesse aspeto tem conseguido fazer a diferença, e para além disso, tem acumulado muitos erros no posicionamento na linha defensiva e nos timings de desarme. Também, devido às suas claras lacunas na construção, coloca muitas vezes a bola para a frente, sem nexo.
Nos últimos quatro jogos, o marroquino foi titular na posição de central esquerdo, puxando Matheus Reis tanto para o banco (frente à Belenenses SAD) como para ala esquerdo (frente a FC Famalicão, SL Benfica e FC Porto). Com esta alteração, Rúben Amorim abdica de duas coisas: da qualidade na construção de Matheus Reis; e, puxando o brasileiro para ala esquerdo, da perda da profundidade e da qualidade ofensiva dada por Nuno Santos. Além disso, o treinador leonino coloca um jogador que, como já referi, não está de todo a realizar exibições convincentes, nem do ponto de vista defensivo, nem, muito menos, no que dá ofensivamente (nunca foi um jogador talhado para esse momento do jogo, contrariamente a Matheus). Contudo, o Sporting também ganha maior consistência defensiva do lado esquerdo, visto que Matheus Reis é um lateral de origem e defende de forma mais eficaz, comparativamente a Nuno Santos.
O Sporting perde muito com esta alteração, e Matheus, para a construção de jogo da equipa, é fundamental. A meu ver, esta é uma das poucas críticas que há a fazer ao treinador do Sporting, que, até ao momento, está a realizar um trabalho notável à frente dos leões, tanto do ponto de vista futebolístico, como da comunicação, que a par de Bruno Lage (quando treinou o SL Benfica), está a “ensinar” a muitos dos intervenientes no futebol como se deve comunicar no desporto.
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