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Jogadores Adaptados ao Modelo ou Modelo Adaptado aos Jogadores?



Enquanto treinador considero imperativo saber muito bem como se pretende jogar para que a mensagem passe aos jogadores de forma clara, aliando uma boa comunicação a uma prática onde estes vivenciem o que lhes é exigido. Para tal se verificar é importante definir os princípios de jogo que orientam os padrões de comportamento da equipa, tendo como ponto de partida que o jogo é compartimentado em 4 momentos:

  • Momento de organização ofensiva – Momento quando a equipa possui a bola com o intuito de fazer golo

  • Momento de transição defensiva – os instantes que se seguem à perda da bola

  • Momento de organização defensiva – Momento quando a equipa não possui a bola e se organiza para evitar o golo adversário

  • Momento de transição ofensiva – instantes que se seguem após o ganho da posse de bola.

Estes desenrolam-se de forma cíclica e são interdependentes levando-nos a constatar que a forma como se ataca deve sustentar a maneira como se defende e vice-versa o que nos coloca num dilema aquando da escolha dos métodos de jogo. Estes são divididos em duas categorias e originam os princípios gerais de uma ideia de jogo:

  • Método de jogo ofensivo

  • Ataque Organizado

  • Ataque Rápido

  • Contra-Ataque

  • Método de jogo defensivo

  • Defesa à Zona

  • Defesa à Zona Pressionante

  • Defesa Individual

  • Defesa Homem a Homem

  • Defesa Mista


Com todos estes pressupostos podemos obter uma ideia de jogo estruturada, mas a sua operacionalização está condicionada pela capacidade dos jogadores. Partindo desta realidade, acredito ser primordial respeitar a natureza destes procurando a sua valorização, uma vez que são eles que expressam o modelo de jogo. Neste sentido considero que, ao contemplar espaço para os jogadores imprimirem o seu “cunho pessoal”, permitimos a evolução constante do jogo da equipa e maximização dos pontos fortes de cada uma das partes.


O modelo de jogo representa a identidade de um treinador sendo difícil este abdicar dos seus princípios, contudo creio que não existem verdades absolutas e que ao longo do tempo as nossas convicções sofrem mutações e velhas estruturas caem por fruto da experiência.


Em suma considero que tanto os jogadores como os treinadores têm de ter capacidade de se adaptar mas, na minha visão, o treinador deve sistematizar um modelo de jogo que seja ajustado às capacidades dos jogadores.

Concluo esta temática com uma reflexão de José Mourinho:


“A maneira como nós trabalhamos, eu chamo-lhe “descoberta guiada”, porque meio do nosso trabalho tático existe espaço para a comunicação, existe espaço para os jogadores terem dúvidas, existe espaço para eles perguntarem, existe espaço para eles descobrirem. Há treinadores que dizem “este é o meu modo de jogar preferido, este é o meu sistema tático preferido e vão com esta filosofia até à morte” e eu acho que é completamente errado. Eu acho que é legítimo dizer “esta é a minha filosofia de jogo preferida, este é o meu modelo de jogo preferido, este é o meu sistema tático”. Agora dizer “vou com isto até à morte”? Aí é que tu morres mesmo.”



Redigido por Joel Rodrigues

Treinador de Futebol com mestrado na área das ciências do desporto - especialização em Futebol. Apaixonado pelo jogo e um eterno estudioso do processo de treino à procura de cimentar competência que permita estar à altura das exigências do alto rendimento e marcar a diferença.


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