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(In)Dispensabilidade dos Pais no Futebol de Formação

Atualizado: 8 de fev. de 2022



"Teus filhos não são teus filhos.

São filhos e filhas da Vida, anelando por si própria.

Vêm através de ti, mas não de ti,

E embora estejam contigo, a ti não pertencem.

Podes dar-lhes teu amor, mas não teus pensamentos,

Pois que eles têm seus pensamentos próprios.

Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas,

Pois que suas almas residem na casa do amanhã,

que não podes visitar sequer em sonhos.

Podes esforçar-te por te parecer com eles, mas não procures fazê-los

semelhantes a ti,

Pois a vida não recua, e não se retarda no ontem.

Tu és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados.

Que a tua inclinação, na mão do arqueiro, seja para a alegria."


Kahlil Gibran

Ao longo dos últimos anos tem aumentado a importância e relevância dos pais no processo de formação do jovem futebolista, factos confirmados pelos inúmeros estudos desenvolvidos e publicados sistematicamente na última década em revistas internacionais da especialidade (por exemplo, Psychology of Sport and Exercise, Journal of Sport Science,...).


Os pais têm uma grande importância no processo de formação dos jovens jogadores e são muitas vezes elementos castradores de talentos. Na verdade, muitos talentos já se perderam pela influência dos pais no processo e outros exponenciaram-se com a sua ajuda. Importante mesmo, parece-me, é que deixemos as crianças/jovens serem felizes.


Os pais devem perceber como, quando e em que situações intervir. Não me parece inteligente dar receitas, neste caso não existe um ‘ideal’ devido à singularidade existente em cada criança/jovem. Os pais serão à partida elementos indispensáveis ao processo porque são os motoristas privados dos filhos e dos clubes que eles representam que com tantas equipas, jogos, treinos e deslocações não há clube que consiga garantir transporte a todos os jogadores; porque são fundamentais para que os seus filhos se sintam motivados, felizes e alegres em todos os momentos de prática; porque devem sensibilizá-los para a importância da prática desportiva e porque o desporto/futebol os ajuda a compreender melhor determinados valores inapreensíveis de outra forma. Depois dos pais indispensáveis existem vários tipos de pais, que apenas deveremos considerar dispensáveis a partir do momento que estes não mostram abertura para alterar comportamentos.


Infelizmente, aquilo que assistimos em muitas ocasiões, são alguns pais com comportamentos lamentáveis, que interferem no desempenho destas crianças, condicionando-as ao ponto, de muitas vezes, além de perderem o prazer e o gosto por este desporto, levarem-nas a desistir por não conseguirem “proporcionar” aos pais, aquilo que de uma forma cruel lhes é exigido e que muitas vezes são os seus sonhos e não os da criança/jovem futebolista. Saber valorizar o esforço e o empenho mais do que os êxitos desportivos, mostrando que estão sempre presentes para incondicionalmente os apoiar, promover a motivação intrínseca nos momentos em que o sucesso teima em aparecer, tornar o desporto como ponte facilitadora de comunicação e de fortalecimento da relação podem ser estratégias eficazes não só para ajudar os filhos enquanto desportistas como para ajudar os pais a fruírem dos momentos desportivos e desta opção de vida.


A verdade é que os pais não nascem ensinados, não aprendem sem errar, nem sequer têm uma bola de cristal que os tranquilize perante o futuro. Se pensarmos que sonham exponencialmente quando sonham pelos e para os filhos, compreendemos a complexidade de sentimentos que transportam quando acompanham a formação e a carreira desportiva dos seus filhos. Devem compreender que da mesma forma que nem todas as crianças terão apetência para serem médico(a)s ou engenheiro(a)s, também nem todas podem ser jogadores de futebol, no entanto, todas têm o direito de tentar e principalmente serem felizes ao fazê-lo.

Acima de tudo, os pais, devem olhar para o futebol como uma extensão à educação e formação das nossas crianças.



Redigido por Vítor Magalhães


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