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As 8 subidas à Liga BPI- O que esperar?

Atualizado: 11 de jun. de 2020


Fonte: FPF


A Liga BPI promete estar ao rubro na próxima temporada. A paragem forçada dos campeonatos devido à pandemia do Covid-19 levou a que a Federação Portuguesa de Futebol optasse por fazer subir de divisão todos os vencedores das séries da II Divisão, o que vai levar a um alargamento no número de equipas e consequentemente uma reformulação dos quadros competitivos no que ao futebol feminino diz respeito. Entre as equipas que subiram, temos regressos, temos apostas fortes, temos estreias e temos surpresas. Vem daí conhecer um pouco mais das 8 equipas promovidas ao principal escalão do futebol feminino em Portugal.


Gil Vicente Futebol Clube


O Gil Vicente venceu a série A da Segunda Divisão de futebol feminino. A cumprir a segunda temporada com a vertente feminina do desporto rei, o Gil Vicente aumentou a sua rede de recrutamento. Tal iniciou-se com uma mudança de líder, com a chegada de Vítor Silva ao comando da equipa. O ex treinador do Ribeirão1968 contou com uma mistura importante de irreverência e experiência no plantel.

Foto: Gil Vicente FC


Apesar das várias caras novas, destacam-se a permanência da capitã Márcia Vieira, da guardiã Rute Queirós ou da médio Dani Veloso, pedras basilares na que não deixou de ser uma boa temporada de estreia do clube em 2018/19. Contudo, para conseguirem a subida, as Gilistas tiveram reforços que se mostraram como absolutamente fundamentais. Filipa Mendes deixou o futsal, onde era referência até a nível europeu universitário, capitaneando a excelente equipa feminina da Universidade do Minho até fases adiantadas de competições internacionais, para ingressar no futebol, onde se revelou uma lateral influente na forma de jogar do Gil Vicente. Rafaela Pereira é outro nome importante da defesa. A lateral esquerda, apesar de ainda jovem, tem um currículo bastante assinalável com passagens por clubes importantes como o Boavista FC, o Valadares Gaia e o SC Braga. Em Barcelos, encontrou estabilidade. Tatiana Valentim foi outra jogadora vinda do Valadares para o Gil Vicente. A médio de 19 anos já conhecia bem os gilistas através da temporada anterior (onde se enfrentaram) e a mudança revelou-se produtiva para o clube.

Cláudia Brás foi o grande nome e o grande pesadelo para as defesas contrárias. A avançada de 29 anos já tinha mostrado a sua veia goleadora no Amorim, clube que representou durante toda a sua carreira. O registo em Barcelos não ficou nada atrás e tinha, até ao momento da paragem, feito 26 golos em 19 jogos efetuados. Um registo impressionante que ajudou e de que maneira o Gil Vicente a vencer uma série que tinha uma equipa difícil e histórica no futebol feminino, o Vilaverdense FC, e um novo integrante Vitória SC. De realçar também a boa campanha na Taça de Portugal, onde só foram eliminadas nos oitavos de final pelo primodivisionário e histórico Futebol Benfica.


Futebol Clube de Famalicão


O FC Famalicão foi, sem dúvida, o clube dominador de toda a segunda divisão do futebol feminino. O clube famalicense, na época de estreia, fez um investimento digno de uma potência da primeira divisão e os resultados refletiram-se: triunfo fácil na série B e uma presença histórica nas meias finais da Taça de Portugal, onde iria defrontar o poderoso SL Benfica. O investimento feito na equipa dá para adivinhar uma aposta muito grande do clube, com o objetivo claro de se intrometer no domínio do futebol nacional, encarregue a SC Braga, SL Benfica e Sporting CP. Não é de todo exagero para o leitor mais atento nem para as equipas que defrontaram o “Fama” esta temporada. Com 16 vitórias em 16 jornadas, 222 golos marcados e apenas 3 sofridos, o domínio absoluto do Famalicão iniciou-se com o nome do seu treinador. João Marques foi desde início o indicador que a aposta era séria. João Marques foi treinador do SC Braga, onde lutou taco a taco com o Sporting CP pelo título feminino, e orientou o SL Benfica na última época, em que os encarnados fizeram também uma época avassaladora na estreia no futebol feminino, vencendo até a Taça de Portugal.

Foto: FC Famalicão


O plantel famalicense, apesar de muita juventude, conta com nomes fortes e bem conhecidos do panorama nacional. Solange Carvalhas foi capitã do Sporting durante algumas temporadas, para além de ser ter iniciado no histórico 1º Dezembro. Maurine, internacional brasileira, veio trazer experiência e competência fruto das muitas temporadas ao serviço do Santos FC. Gabi Morais representou o SC Braga e teve uma curta passagem pelo futebol norte-americano (onde residem as campeãs do mundo) antes de ingressar no Famalicão. Contudo, a melhor marcadora da equipa do Famalicão é Cristina Ferreira. A avançada que representou nas últimas temporadas o Valadares Gaia marcou uns impressionantes 50 golos em apenas 20 jogos, o que diz bem da diferença do Famalicão para todas as outras equipas da II Divisão. A liga BPI promete um Famalicão em cima dos crónicos candidatos ao título.


Boavista Futebol Clube


O Boavistão está de regresso! Se juntarmos a extinta Taça Nacional, que deu lugar ao Nacional da I Divisão, podemos dizer que o Boavista é o clube com mais títulos de campeão nacional da I Divisão, com 16 troféus conquistados e ainda uma taça de Portugal. É um registo impressionante para o histórico da cidade do Porto que na última temporada caiu para a II divisão, na página mais complicada da história feminina do clube. Contudo, o Boavista soube unir-se, muniu-se de um plantel muito jovem, aproveitando também a formação (de recordar que o Boavista possui equipas desde os sub13).

O treinador foi Bruno Pacheco, que aos 30 anos aproveitou a oportunidade e conseguiu o marco mais importante da sua ainda curta carreira como treinador. Comandadas pela experiência da capitã Paula Cristina (que foi também a melhor marcadora da equipa), a jovem equipa das panteras foi paulatinamente subindo degraus na muito equilibrada série C da II Divisão. De facto, a equipa axadrezada ocupava a liderança mas em igualdade pontual com o AD Grijó e com mais um ponto do que a equipa B do Valadares Gaia que, evidentemente não podia subir à I Divisão. Flávia Silva, Antónia ou Mariana Couto são exemplos da importância da formação do Boavista, que tem pergaminhos firmes na história do futebol feminino português.

Com um projeto assente na juventude, é de salutar a importância do regresso do Boavista para o bom nome do cada vez mais forte campeonato português.

Foto: Boavista FC


Fiães Sport Clube


O Fiães SC está na primeira! A equipa de Santa Maria da Feira venceu com uma margem muito confortável a série D da II Divisão e é uma estreia confirmada no escalão mais alto do futebol português. A aposta do Fiães no feminino provém da temporada 2013/14 e colhe agora os seus frutos. Depois de uma temporada na I Divisão ao serviço do Ovarense, Paulo Campino assumiu o comando técnico e com grande sucesso.

O plantel do Fiães assentou numa base de continuidade de muitas jogadoras com um aproveitamento também interessante da formação do clube com as equipas de sub18 e sub19 a fornecerem várias jogadoras para a equipa principal. Beatriz Amorim, que concluiu a sua formação no Fiães apesar de ter começado na Escola de Futebol Hernâni Gonçalves, foi a melhor marcadora da equipa, seguida de muito perto por Adriana Semedo. As duas juntas fizeram 37 golos, o que quase equivale ao somatório de idades das duas jogadoras. As duas avançadas têm apenas 18 e 20 anos, respetivamente, e são a imagem do futuro do Fiães, que irá agora procurar consolidar-se na I Divisão, numa temporada que será histórica para um clube que fez muito para a merecer!

Foto: Fiães SC

Clube de Condeixa Associação Cultural e Desportiva


O Condeixa é mais uma estreia na I Divisão nacional do futebol feminino. O clube conimbricense atinge o patamar mais alto da sua história com a chegada à I Divisão após ter vencido com grande clareza a série E da II Divisão.

Ter jogadoras experientes como Tita, que representou o SL Benfica na última temporada e já representou também o Cadima na I Divisão, ou a guarda redes Andreia Barracho ajudou à afirmação de algumas jovens atletas como Ana Dias, que já está confirmada no Amora FC (equipa que também subiu) para a próxima temporada, Ana Rute ou Sónia Costa. A importância dessa experiência permitiu que a juventude crescesse e acreditasse cada vez mais em algo que se tornou num objetivo e verificou-se concretizado.

Foto: Condeixa


Bárbara Martins, com 41 golos apontados, foi a grande referência da equipa. A ponta de lança de 24 anos tem experiência de I Divisão, onde representou o União Ferreirense e o Clube de Albergaria e continua a mostrar um crescimento assinalável. Apesar da juventude, tem já um percurso vasto e a estabilidade competitiva que terá adquirido esta época contribuirá fortemente para a grande temporada que realizou. Não se prevê uma época fácil, mas não há dúvidas que será uma época histórica para o clube e que isso ficará para sempre marcado na memória destas jogadoras, que deverão continuar sob orientação de José Sobral. O treinador de 33 anos vai para a quinta temporada no Condeixa e é o rosto da equipa.


Sport Clube União Torreense


O Torreense foi uma das apostas fortes do futebol feminino desta temporada. A equipa de Torres Vedras venceu a série F e tinha no seu treinador a grande cara que representava o desejo de subida de divisão. Nuno Cristóvão foi 5 vezes campeão nacional com títulos divididos entre o Sporting CP e o 1º Dezembro.

A equipa lisboeta contou com uma miscelânea de jogadoras jovens e de jogadoras mais experientes, o que teve como consequência a formação de um grupo forte e coeso com várias jogadoras que já alinharam na I Divisão como Iva Moirinho, Sara Martins, Matilde Figueiras, Cristiana Garcia, entre outras. Contudo, e apesar deste grupo de jogadores com formação em bons clubes portugueses, como o Sintrense, o Estoril-Praia ou o Sporting, a entrada das brasileiras Raíza Paraíba, Taty e Valéria revelou-se fundamental para a concretização da ideia de jogo de Nuno Cristóvão em termos práticos. Raquel Ferreira, internacional jovem portuguesa, foi na minha ótica uma das jogadoras que mais mostrou e que mais evoluiu ao longo desta época desportiva. O nível de jogo foi muito interessante e a subida tornou-se algo natural dada a qualidade individual acima de média de muitas das jogadoras.

Havendo um projeto de continuidade em que a permanência de Nuno Cristóvão será fundamental, a próxima temporada pode ser muito positiva para o Torreense que, apesar dos moldes específicos e apertados em termos de manutenção, não deverá ter muitos problemas em manter-se na divisão mais alta do futebol feminino português.


Foto: U. Torreense


Sport Futebol Damaiense


O Damaiense subiu à I Divisão após vencer a série G da II divisão. O clube lisboeta foi comandado por Nuno Gomes, treinador de 34 anos que já orientou diferentes escalões (inclusive no masculino) dentro do clube.

O plantel do Damaiense foi mais um exemplo de uma mistura saudável de jogadoras experientes e jogadoras no início da sua aventura como atletas seniores. Sofia Amorim, aos 41 anos, foi um dos grandes exemplos desta equipa e até do panorama nacional do futebol feminino. À semelhança de Paula Cristina do Boavista e outras jogadoras, demonstram que a idade não é mais do que um número quando há prazer e motivação no que se está a fazer. Em 16 jogos, Sofia marcou 9 golos o que a levou ao estatuto de melhor marcadora da equipa. Matilde Fernandes, defesa goleadora de 19 anos, é uma das grandes promessas do clube recém-promovido à divisão maior do futebol feminino em Portugal. É de destacar também o histórico de várias jogadoras no futsal feminino, algo que tem sido cada vez mais habitual em Portugal. Muitas jogadoras começam os seus percursos no futsal, entrando depois para o futebol.

O Damaiense, em estreia na principal competição de clubes femininos, terá vontade assente em fazer ainda mais história e conseguir a manutenção. Na guerra dos pontos que se prevê, terá o clube lisboeta condições para o conseguir?

Foto: SF Damaiense


Amora Futebol Clube


O Amora chega pela segunda vez na sua história ao nível mais alto do feminino. O clube setubalense ingressou na antiga Taça Nacional, em 1985/1986. Após um interregno de 31 anos, o Amora decidiu voltar a apostar no futebol feminino e esta temporada ascende assim de escalão ao vencer a série H, em igualdade pontual com o Paio Pires FC.

O Amora começou a época com André Branco ao leme, mas foi Ademar Colaço, que iniciou nos escalões secundários do Estoril-Praia, que realizou os restantes jogos. Várias das jogadoras que compõem o plantel já alinharam na I Divisão. Nadine Cordeiro, ex Sporting CP, é uma das jogadoras de quem mais se espera da parte do Amora, muito devido à qualidade que se lhe reconhece e que mereceria porventura mais oportunidades na equipa leonina. Sara Brasil é outro destaque forte desta equipa. A avançada teve poucas oportunidades no SC Braga mas sempre que foi chamada, respondeu com golos. Transferiu-se para Amora e estava em grande plano, com 4 golos marcados em 5 jogos, o que confirma a veia goleadora desta jogadora que não precisa de muitas oportunidades para marcar. Contudo, o grande destaque tem de ser dado a Mafalda Marujo. A avançada de 28 anos teve um registo estratosférico esta temporada com 65 golos marcados em 21 jogos! A internacional portuguesa já tinha sido destaque do Estoril-Praia e também do Futebol Benfica na I Divisão. Apesar de ter jogado um escalão abaixo esta temporada, manteve uma motivação elevada e a demonstração da qualidade que lhe é reconhecida.

A aposta do Amora é forte, é real e é também um dos clubes a ter em conta para a próxima temporada da I Divisão de futebol feminino, que promete ser uma guerra pelo título e pela manutenção.


Foto: Amora FC


Menções honrosas: Atlético Clube de Portugal


Devido a um episódio de agressão, o Atlético não subiu à primeira divisão, no entanto merece um papel de destaque pela campanha brilhante que realizou. Mais um plantel jovem (média de idades de 25 anos) com o acesso conseguido à I Divisão. O histórico clube lisboeta cimentou a sua aposta no feminino a partir da época 2017/2018. Poucos anos depois, está aí o primeiro grande resultado dessa aposta. Com Hugo Duarte ao leme, ex treinador da equipa de sub19 do Futebol Benfica, a equipa do Atlético contou com um plantel quase totalmente português e com muitas jogadoras vindo exatamente da equipa sub19 do Fofó para o Atlético. A exceção é a brasileira Gabriela Zidoi que, diga-se, veio do Fofó com o treinador. Gabriela foi um dos rostos da boa equipa lisboeta mas há mais. Beatriz Pinto, com 19 anos, e Ana Barata, com apenas 16 anos, são mais dois exemplos da aposta firme de vários clubes portugueses na jovem jogadora portuguesa. E a aposta tem de ter contextos e contornos de realidade e não de utopia. É importante dar o espaço competitivo às jogadoras porque só jogando é que vão errar e só errando é que vão aprender de forma a depois poderem evoluir as suas próprias capacidades individuais para colocarem posteriormente ao serviço do coletivo. Francisca Silvestre, na baliza, sofreu 16 golos e mostrou qualidades que a podem catapultar para outros patamares. Cátia Sousa ou Tânia Lima são já referências do Atlético e vão ter a sua oportunidade no espaço mais mediático do feminino. Com um plantel muito equilibrado e com muitas jogadoras com margem de crescimento, o Atlético teria tudo para ser uma boa surpresa na Liga BPI.


Redigido por: António Sousa


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